transcrito de um antigo diário escrito em 26.12.2002.
Às vezes sinto que estou no meio do deserto, sem nada a que me agarrar. Vejo a água à minha frente, mas acho que ocuparia melhor lugar entre as nuvens invisíveis do que dentro de mim: sinto-me a evaporar, como se me desintegrasse de tudo o que me rodeia (ou o quisesse fazer) - daí a pouquinho pairaria lá em cima, olhando para baixo: a realidade esfumada, onde eu não queria estar. E, no entanto, sabia que bastava um pequeno gesto para que o sol não parecesse abrasador e infernal, mas resplandecente de vida universal.
Às vezes sinto que estou no meio do deserto, sem nada a que me agarrar. Vejo a água à minha frente, mas acho que ocuparia melhor lugar entre as nuvens invisíveis do que dentro de mim: sinto-me a evaporar, como se me desintegrasse de tudo o que me rodeia (ou o quisesse fazer) - daí a pouquinho pairaria lá em cima, olhando para baixo: a realidade esfumada, onde eu não queria estar. E, no entanto, sabia que bastava um pequeno gesto para que o sol não parecesse abrasador e infernal, mas resplandecente de vida universal.
A vontade da nossa mente tudo pode controlar: e era essa força que nesse momento me faltava - nem eu achava ímpeto para a recuperar. Parecia que não valia a pena e afundava-me cada vez mais nas areias quentes daquele mar de nada (ou era isso que me fazia sentir o vazio que encontrava em mim).
É assim que se compreende o poder da felicidade. Sem ela perdemos o controlo sobre a vida. Com ela sentimos que podemos conquistar o mundo.
É o sentimento mais poderoso e valioso que podemos experimentar, mesmo quando é conscientemente imperceptível. A sua ausência faz-nos sentir como se toda a beleza do próprio ser ser esvaísse, o entuasismo se evaporasse com a água do deserto, a alegria se tornasse um espectro esquecido, o prazer pela arte e ciência fosse virgindade desconhecida e todo o encanto que o mundo sugere se transformasse de repente numa fórmula desconexa e incompreensível de apreender.
É a força que orienta o nosso rumo quando o vento nos quer derrubar e é a chama que aquece e ilumina o coração e o faz sorrir mesmo perante adversidades. Sem ela, qualquer obstáculo que se apresente - que com ela seria visto como um desafio aliciante - é encarado com uma sensação de auto-comiseração - o que é, no mínimo, intimamente humilhante, não é? É.

Cabe a cada qual ocupar-se de manter o seu sol aceso, bem luminoso, dentro da alma quente de cada um - com aquela luz branca que nem o deus sol consegue imitar.
a felicidade está naquilo que escolhemos, seja pessoas ou direcções a caminhar : )
ResponderEliminar...mas saibamos também aceitar a infelicidade como algo natural e passageiro. (:
ResponderEliminarsim, Pedro, a infelicidade também faz parte do ciclo de estados interiores. aliás, é precisamente quando passamos do estado de infelicidade para o de felicidade que nos conseguimos aperceber de como esta nos faz sentir poderosos e "on top of the world" :).
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