terça-feira, 3 de maio de 2011

Medley de reflexões de cabeceira

transcrito de um antigo diário, escrito em 31.10.2001

(estou cheia de sono)!

Eu acho que o problema deste mundo é a falta de cultura. Não me refiro à cultura que implica o recital de datas de factos históricos ou de lenga-lengas capazes de dar um sorriso de orelha a orelha à titi orgulhosa da lição do sobrinho "que vai ser médico". Refiro-me à cultura que é capaz de abrir a mentalidade: dotá-la de consciência, dar-lhe a capacidade de ver a beleza do universo, fazê-la compreender a grandeza e originalidade deste mundo, submergi-la em percepção da imensidão de tudo aquilo que não sabe (e que por isso se torna atraente ou, quando intangível, simplesmente sagrado).
Esta é a chave para uma vivência construtiva e responsável - sabendo que o bem ou mal por nós feito é para nosso proveito ou desproveito.
Agora é só putos mimados que não sabem mais o que hão-de querer e sentem-se infelizes porque os objectivos são logo satisfeitos pelos papás, na proporção da sua vontade - e andamos nós a criar parasitas.

Dizem que as pessoas inteligentes amam menos, pois são geralmente mais racionais. Eu acho que elas amam mais mas é o mundo. Não se limitam a canalizar a sua energia positiva apenas em direcção a uma pessoa, mas também em relação ao avanço da evolução universal, porque têm uma consciência mais abrangente e global, sabem da importância da participação na história em que todos estamos metidos - queiramos ou não -, não se aniquilam do seu papel - missão, ou o que quer que lhe chamem - anestesiando-se em reality shows e novelas cor-de-rosa (que - ok, ok - podem ser positivos até certo ponto, se os encararmos como um meio de aliviar tensões e esvaziar o cérebro temporariamente).

O ponto de partida é a força de vontade: ela determina os que "são" e os que "não são" - porque "querer ser" já é "ser", mesmo que ainda ou nunca se chegue a "ser" efectivamente.

O mimo exagerado combate a lei essencial de manutenção da vida: sobrevivência a todo o custo. Torna o homem num ser melindroso (não apenas problemático - porque isso sempre o é) e, no ponto máximo, auto-destrutivo - em vez do ser-animal que ele, na Terra, em primeiro lugar é, regido pela "lei da selva".

Só para pôr um rematezinho porque agora tenho que ir dormir: o saber é viciante porque quanto mais se sabe mais se tem consciência do que não se sabe. A aceitação do falhanço é um passo para a vitória.



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