quarta-feira, 14 de março de 2012

Não vem ninguém fazer-te feliz

Se estás à espera de encontrar alguém que te vai fazer feliz: esquece.
Se achas que vais começar a ser feliz a partir do momento em que encontrares "a pessoa certa" e que tudo vai passar a fazer sentido a partir daí: tira o cavalinho da chuva - esquece.
Se pensas que "o amor da tua vida", que anda escondido algures por aí, um dia vai lançar pozinhos mágicos no teu ser e que, de repente, só pelo facto de se terem encontrado, vão despertar o melhor que há em cada um de vós e, desde esse primeiro dia até ficarem velhinhos, a tua vida vai ser como um "Sonho de uma Noite de Verão" de Shakespeare: estás seriamente a precisar de uma arrumação cerebral ao teu sótão - esquece.

Isso que tu às vezes sentes que te faz sentir a flutuar: essa euforia que te possui num relâmpago histérico, essa serenidade sorridente que te acompanha nos dias frios de tédio - isso que se pode compactar na palavra-cliché "felicidade" - é algo que tu emites com a tua própria luz, fruto de um farol que tu próprio construiste, tijolo por tijolo, enquanto tentavas afastar as ondas que rebentavam ameaçando a tua construção e que, mesmo assim, edificaste o mais para adentro possível no mar da tua vida. Se a luz é tua e o farol é teu, tu é que o acendes ou apagas a teu bel -prazer - tu é que tens a obrigação auto-comprometida de acender a luz do teu farol, ouviste? Essa luz é que irá trazer a ti tudo o que necessitas para continuares a brilhar - para continuares a emitir felicidade. A felicidade é o ponto de partida para tudo o que precisas para ser feliz - percebeste?

Se não percebeste, vou explicar com pauzinhos: a felicidade é o pauzinho I e o que precisas para ser feliz é o pauzinho II. Se ainda não percebeste, vou explicar com ovos e pintainhos: a felicidade é ovo e o pintainho que sai do ovo são todas as coisas que precisas para ser feliz. (Se não te decidires a ser feliz, o teu ovo não vai conceber pintainho nenhum - vai para a prateleira dos ovos infelizes tipo 3 que é a classe de ovos de galinhas desbicadas criadas em gaiolas que só dão ovos tristes que vão ser comidos por pessoas ainda mais tristes. Resumindo: se não te decidires a ser feliz, vais ser comido pela vida, em vez de a comeres a ela.) 

Assim sendo, uma vez mais te digo (para te ajudar a decorar) que não vem aí nada nem ninguém fazer-te feliz. A felicidade não vem de fora - de uma pessoa, de um lugar ou de um acontecimento (estes podem sim despertar em ti a felicidade, se ela já existir escondida dentro de ti) -, vem de dentro (e tu bem o sabes, mas às vezes não queres admitir). 

Então, quando um dia encontrares essa pessoa (essa que pensas que vem fazer-te feliz mas não vem) lembra-te que a única coisa que podes fazer é partilhar a tua felicidade - e da partilha da felicidade surge a sua multiplicação. Mas não podes multiplicar algo que não tens à partida (precisas do 1 para obter o 100; não podes obter o 100 a partir do 0: 10x10=100, mas 0x10=0) - pois se até Jesus precisou de um peixe para o multiplicar por muitos (e tu não és mais que Jesus).

Ouvi dizer que se não meteres isto na cabeça - e no coração e na pele e na caixa toráxica e em todas as artérias de vida que há em ti - vais ser aniquilado pela brutalidade da selecção natural das espécies (que preserva os espécimes mais fortes e deixa morrer os mais fracos, impedindo-lhes de transmitirem o seu código genético de qualidade inferior) - mas podem ser só rumores, não ligues. De qualquer modo, fica aqui o aviso. Se um dia morreres a pensar que não foste feliz por isto ou por aquilo, quando os vermes corroerem as tuas 21 gramas de alma carregada de espasmos não libertados, ao menos não digas que não te avisei.

11.03.2012
17:30


2 comentários:

  1. Tens toda a razão Mariana, quem lê a tua mensagem tão simples e directa, interioriza de tal forma que imagina o quanto é verdade o que aqui relatas, obrigado por te preocupares e tentares abrir os olhos a tantos iludidos como eu ;)

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  2. Bruno: obrigada :) sempre às ordens ;)

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