quinta-feira, 19 de abril de 2012

A inércia da vida e a gravidade do que amas

(Física aplicada ao comportamento humano)


I. A inércia da vida

1. A lei da inércia, descoberta por Newton, é a tendência de qualquer objecto para continuar a mover-se em linha recta, a menos que qualquer coisa o influencie e o faça sair da sua trajectória.
Aqui está: uma da lei da física, absolutamente objectiva e vazia de densidade de significado, que consegue descrever, sem qualquer pretenciosidade acusativa, o problema de raíz de grande parte dos seres humanos. Aqui está: o meu (e agora o teu) "a-ha! moment" do dia.
1.1. Se continuas a mover-te sempre linha recta na trajectória da vida, estás a ser dominado pela inércia. Se continuas a fazer sempre a mesma coisa, dia após dia - mesmo sabendo que serias mais tu fazendo algo diferente -, se estás preso a um hábito que te restringe, a uma pessoa que não te reflecte, a um sentir que não te respira por todos os poros do teu ser, e se, mesmo assim, continuas a seguir essa mesma trajectória redutora achando, na tua diabólica ignorância, que estás a ser um herói-mártir por te manteres submisso à linha recta que te aprisiona, fica desde já a saber que até um poio de pássaro lançado aleatoriamente no espaço faria o mesmo - porque continuar a mover-se em linha recta é a tendência natural de qualquer objecto ignorante.
1.2. Por isso, se queres ser um humano inteligente, tens que conseguir virar à esquerda ou à direita nos cruzamentos que se te apresentam.

2. Outra coisa importante: se a inércia é continuar a mover-se em linha recta, decidir parar - e parar mesmo - contém em si mais acção e determinação do que continuares a mover-te pela inércia de não conseguires parar. Então, se precisas de parar: pára. Pára sempre que o movimento da tua trajectória não for construtivo, positivo, prazeiroso e bom. Sim, é verdade, decidires parar - e parares mesmo - exige mais esforço e coragem do que continuares a mover-te em linha recta (é necessário ímpeto, que, na física, é a resistência que o corpo opõe ao movimento - ou ausência dele). Mas pára: parar pode ser mais produtivo do que desperdiçares a tua energia em algo que não te é.
2.1. Na natureza, nenhuma energia se desprediça - reina a lei do menor esforço: os ursos hibernam no tempo frio, os leões preguiçam no sol da savana, as aranhas ficam estáticas na teia até ao momento cirúrgico em que uma presa se lhes oferece. E nem tudo o que é bom exige muito esforço: toda a acção que for feita com a força do amor, será executada com o menor esforço - esta é a lei que rege os embondeiros que crescem pedantes até aos 25 metros em Madagáscar, a andorinha-do-mar-ártica que placidamente percorre 35 mil quilómetros para migrar do Ártico para a Europa, e as pessoas que fazem coisas que gostam ou fazem as coisas com gosto.


3. Mas, eureka! : dentro da própria lei da inércia, está contida a solução para combate à inércia: ..."qualquer objecto continua a mover-se em linha recta,a menos que qualquer coisa o influencie ou faça sair da sua trajectória". Isto significa que deverás tirar partido das "quaisquer coisas" intrusivas que insistem em atrair-te para si, mesmo que a princípio se te possam afigurar como incomodativas ou estranhas, pois obrigam-te a um reposicionamento interno (e, espero, externo) perante a vida - elas serão o ponto de alavancagem para a mudança necessária na tua trajectória. 

II. A gravidade do que amas


1. E qual é a força que irá atrair essas coisas a ti? Eu não sei. Mas a física diz que é a gravidade que faz com que os objectos de atraiam - e é ela a força capaz de combater a inércia dos objectos; senão vejamos: Newton diz que a Lua mover-se-ia em linha recta, tangencial à órbita, (por inércia) a menos que uma outra força (a gravidade) a desviasse constantemente do seu caminho para um círculo, empurrando-a em direcção à Terra. Essa força - a gravidade - age à distância: não há nada a unir fisicamente a Terra e a Lua e, no entanto, a Terra e a Lua atraem-se continuamente (a gravidade da Terra combate a inércia da Lua e vice-versa).

1.1. Aquilo que, na física, é a força da gravidade, responsável pela atracção mútua dos objectos celestes e terrestres, é, entre nós, a força do amor, responsável pela atracção de pessoas e situações até ti. Essa força do amor é a única força capaz de combater, naturalmente e com o menor esforço, a tua inércia em continuares a mover-te em linha recta na tua vida.
1.2. Por isso, se queres ter uma vida viva, tens que seguir aquilo que amas: deixa que a gravidade daquilo que amas te atraia - e pára de mover-te em linha recta por inércia.

2. Um detalhe importante: segundo Newton, a força da gravidade diminui na razão inversa ao quadrado da distância: ou seja, se dois objectos forem afastados para duas vezes mais longe, a gravidade que os atrairá terá apenas um quarto da força que tinha quando estavam próximos.
2.1. Assim como a força da gravidade, também a força do amor diminui e desvanece com a distância: o que começa por ser saudade de alguém ou frustração por não fazer algo, logo a tua inteligência emocional reajusta para um distanciamento emocional, de modo a evitar-te o sofrimento (pois - não era o Freud que dizia? - é da natureza humana a fuga à dor e a busca do prazer). Então, quanto mais te aproximares daquilo que amas, maior será a força do amor que te une àquilo que amas.
2.2. Agora que sabes isto, não deixes que aquilo que amas se afaste e perca a sua força - não combatas a gravidade do que amas a favor da inércia.


Resumindo: deixa que a gravidade do que amas te atraia; aumenta a força que te une ao que amas, aproximando-te do que amas; pára de mover-te em linha recta por inércia; vira à esquerda ou à direita no cruzamento que tens agora (porque todos temos) na tua vida - para o lado para onde te atrair a gravidade.


Agora pensa: o que é que gostas? de quem é que gostas? onde é que gostas de estar? o que é que gostas de fazer? como é que gostas de ser? o que é que te toca?

Segue-o.




18.03.2012


Disclaimer: as leis da física aqui descritas são utilizadas como uma mera muleta para melhor compreensão das condutas comportamentais aqui defendidas, através de analogias com as quais me identifico, e com o objectivo de defender metaforicamente a universalidade de princípios; não pretendo de forma alguma aqui explicar exaustivamente estas leis, nem sequer ser objectivamente rigorosa na sua utilização e transposição para o comportamento humano.



quarta-feira, 11 de abril de 2012

"Child Soldiers"


As crianças soldado não existem só nos países de terceiro mundo; as crianças soldado são as que as nossas escolas andam a criar, aqui, no nosso mundo de segunda: cabeças formatadas a um molde pré-concebido (concebido por quem?) daquilo que deve ser - porque sempre foi. As nossas crianças nascem livres de alma, rijas de mente, capazes de erguer o mundo com o impossível que acreditam real - mas a nossa escola aprisiona-lhes a utopia, debilita-lhes a coragem e enfia-lhes uma receita no cérebro que diz que o mundo é para ser deixado quietinho "para não se partir" porque "te podes magoar".

As nossas crianças, tão selvagens e puras, aprendem, "para seu bem", na escola militarizante, a pensar como macacos amestrados: faz aquilo que te mandam; não abras a boca para dizer disparates; quanto mais fazes, maior a probabilidade de errares - por isso, cala-te e copia-me, a mim que sou adulto e sei mais do que tu.

Copia-me. Não sejas tu. Faz tudo direitinho. Não dês erros. Olha as regras. Desobedecer é morrer. Não mexas nisso. Podes-te magoar. Tem cuidado. Não é assim que se faz. Olha que vais cair. Vês? Avisei-te que ias cair. Quem tem razão? Está quieto. Na missa não se fala. À mesa não se canta. Já fizeste os deveres?

Deveres. Que palavra tão antitética. Porque às vezes deveria ser nosso dever não olhar aos deveres. E gritar pela liberdade que temos - que sempre, sempre, temos - de não dever nada aos deveres. E viveres.

Mas as crianças soldado, do alto da sua inocência, (ainda) não sabem disto: confiam em nós, adultos formatados, tristes e coitados. (Porquê? Porque somos grandes: grandes por fora, minúsculos por dentro; e elas: pequenas por fora, enormes por dentro.) E aprendem a calar a sua voz interior tão incomodativa, porque querem ser amadas por nós, adultos corrompidos. Querem ser amadas. Amadas.

Einstein (que foi sempre uma criança grande, não amestrada) disse-nos, no tempo dos dinossauros, que a criatividade (pensamento divergente) é bem mais importante que a inteligência (pensamento convergente) - a criatividade é a verdadeira inteligência, pois é ela que permite criar conhecimento novo e não apenas compreender o que já foi feito - e que a imaginação é bem mais importante para o avanço de uma sociedade do que o conhecimento. Ele disse isto e muitas outras coisas tão infantis como esta; mas, como bons adultos soldado que somos, só bebemos o sumo da lei da relatividade e, mesmo assim, caindo no paradoxo de passar a encará-la como absoluta e inquestionável.

E continuamos a aplicar a máxima salazarista do "se soubesses o que custa mandar, preferias obedecer toda a vida": recompensamos as crianças que são bons soldados e castigamos as que fogem ao sistema - condicionando, assim, o pensamento a aprisionar-se, a abafar-se e a auto-mutilar-se, quando posto diante de uma situação de ensino, tal como Pavlov condicionou os cãezinhos a salivar quando expostos ao som de campainhas. A escola exerce, sem o saber (ou será que o sabe?), uma função de seleccionadora natural das espécies, sob o princípio de: quem é bom a ser criança soldado, sobrevive; quem é mau a ser criança soldado, é eliminado. Poucas são as que conseguem ser boas crianças soldado, mantendo intacta a sua liberdade interior até à idade adulta; poucas são as que conseguem fintar o sistema.

Se és uma dessas crianças soldado e conseguiste sobreviver sem seres eliminado, não cales agora o que antes era pecado, porque já não tens que obedecer para seres amado por um adulto de cérebro quadrado. Luta pela liberdade das nossas (ainda) puras crianças soldado.



Pus isto no papel para ver se a minha cabeça se cala, porque eu quero dormir.

Já está.
Com licença. Boa noite.

11.04.2012

5:40



domingo, 25 de março de 2012

Porque é que eu amo a matemática

A matemática é a prova simplificada da perfeição de tudo o que existe. Todas as perguntas do mundo e todas as leis que regem o cosmos, as pessoas, o natural e o sobrenatural podem, em última instância, ser traduzidas numa fórmula matemática - se tivermos a habilidade para o fazer (e, no presente histórico, temos já essa habilidade até certo ponto).

Este facto tão cru contém toda a poesia do mundo: toda a rima e toda a música são combinações matemáticas transformadas em linguagem de emoções; todos os passos de dança e todos os lances de bola são a tentativa do corpo se aproximar da perfeição de uma equação. Este facto tão isento de beleza contém em si toda a magnanimidade indolente do nosso arrogante universo: uma beleza que não se escarrapacha, mas que é tão obviamente límpida por detrás do véu do caos aparente.

A matemática é o lado abstracto da realidade: aquele que não se vê a olho nu, mas que se pensa - e, se virmos bem, é a pensar que se vê.

2012.03.25
23:33

sábado, 24 de março de 2012

O defeito do conhecimento


transcrito de antigo diário escrito em 13.06.2002



Chego à conclusão espontânea - como que aparição ou insight - de que o conhecimento é: não a aquisição de algo que existe e que pela sua transposição do exterior para o interior do homem se torna consciente ou simplesmente presente em nós, mas é: uma mera (louvável) criação do homem que se preocessa no seu interior , acerca daquele exterior que se transpõe para o interior voluntaria ou involuntariamente.

O conhecimento não é mais do que uma invenção que funciona como uma arma de auto-defesa para esbater a explícita inferioridade do homem no mundo e no universo. Portanto, tudo aquilo que nós sabemos garantidamente que existe nunca será realmente provado se existe tal como o apercebemos, pois as coisas só existem em nós através de nós e porque nós existimos. Assim, dada a limitação e possível defeituosidade dos nossos recursos percepcionais e cognitivos, nunca e jamais teremos a certeza da verdade pura - não deformada pelos órgãos dos sentidos particulares de cada espécie.

Pois, se uma abelha vê o mesmo favo de uma angulatura mais ovalada e avolumada que a nossa; e se um cão não vê o vermelho - então que poder temos para exercer a nossa perspectiva como a mais aceite e adequada? Seguramente poderão existir outras potencialidades sensoriais que nós não conhecemos para fazer desencadear diferentes associações de conhecimento. Porque se não tivessemos olfacto não daríamos pela sua falta e olharíamos para a capacidade identificadora do cão através de pistas olfactivas com visão de estupfacção, admiração, curiosidade e até culto.

É o que acontece com os fenómenos sobrenaturais aparentemente inexplicáveis e aos quais se atribuem causas ilógicas e desconexas - assim é porque eles envolvem, digamos, "energias" que se corelacionam desencadeando um processo do qual não temos capacidade perceptiva - e consequentemente cognitva - para assimilar e explicar - e dos quais por isso só conhecemos o produto* e não o processo**.
foto: simulação da visão de um cão



*por ex., uma jarra a mover-se e cair sem uma razão aparente
** a força/energia que leva a jarra a cair



sexta-feira, 16 de março de 2012

Receita para ser feliz

1. Ter conhecido a infelicidade.
Se nunca estiveste na escuridão, não saberás reconhecer a luz como luz; a luz será apenas uma substância sublatente a ti, à qual és indiferente.
Uma das formas de ensinar uma verdade é mostrar o seu contrário: identificamos uma verdade quando conhecemos o seu contrário (um peixe é aquilo que não anda na terra; o dia é aquilo que não é noite; a pobreza é aquilo que não tem abundância). Por isso, para conseguires abraçar a tua felicidade, reclamá-la como tua e gritá-la sem escrúpulos, tens inevitavelmente que ter antes caído num poço sem fundo. Caso contrário, poderás estar a ser feliz sem saber - e ser feliz sem saber é (a não ser que tenhas sete anos) um despredício de felicidade.

2. Amar: as pessoas; o mundo; Deus; tu; uma pessoa especial - ou quaisquer outras coisas que te inspirem amor.
Estar feliz é como estar apaixonado. Sentir felicidade é sentir amor: serás tanto mais feliz quanto mais amor sentires - e o amor é como uma luz que emites e depois se reflecte de volta para ti na forma de felicidade (não é uma troca directa de bens). A felicidade é portanto o produto da multiplicação do amor (amor x vida = felicidade).

3. Decidir ser feliz.
A felicidade é uma opção pessoal que exige coragem, porque, quando decides ser feliz, já não te poderás queixar ou culpar e infelicidade pelos teus problemas; quando decides que podes, deves e queres ser feliz, começas a viver todo tu, o tu todo, e deixas de ficar à espera que isto ou aquilo aconteça para que a tua vida comece.

4. Estar consciente da morte.
Regra geral, só estudas (ou estudas até ter que pôr palitos nas pálpebras) quando vais ter teste, certo?; e só treinas (ou treinas até pingar) quando sabes que vais ter jogo, certo? E saboreias mais a companhia de alguém quando sabes a data da sua partida, não é?; e aprecias mais estar num lugar maravilhoso quando só podes lá estar por pouco tempo, não é?; e dá-te mais adrenalina fazer aquilo que não é permitido, não é?
Pois bem, se te lembrares que a morte é algo presente em cada segundo do teu batimento cardíaco; se a olhares olhos nos olhos, sem asco nem eufemismo; se sentires, agora mesmo, que nesta vida és um corpo tão invencível quanto frágil (és um corpo, só um corpo; por mais alma que tenhas, és um corpo) - vais agarrar a vida pelos cornos e agradecer, em cada respiração, a dádiva e o milagre que é viver. E, ao agradecer, estarás já, de repente, sem querer, a ser feliz.


26.04.2012


(Não consegui continuar com o resto dos ingredientes porque já estava cheia de sono. Espero que assim que já fique uma felicidade comestível.)

quarta-feira, 14 de março de 2012

Não vem ninguém fazer-te feliz

Se estás à espera de encontrar alguém que te vai fazer feliz: esquece.
Se achas que vais começar a ser feliz a partir do momento em que encontrares "a pessoa certa" e que tudo vai passar a fazer sentido a partir daí: tira o cavalinho da chuva - esquece.
Se pensas que "o amor da tua vida", que anda escondido algures por aí, um dia vai lançar pozinhos mágicos no teu ser e que, de repente, só pelo facto de se terem encontrado, vão despertar o melhor que há em cada um de vós e, desde esse primeiro dia até ficarem velhinhos, a tua vida vai ser como um "Sonho de uma Noite de Verão" de Shakespeare: estás seriamente a precisar de uma arrumação cerebral ao teu sótão - esquece.

Isso que tu às vezes sentes que te faz sentir a flutuar: essa euforia que te possui num relâmpago histérico, essa serenidade sorridente que te acompanha nos dias frios de tédio - isso que se pode compactar na palavra-cliché "felicidade" - é algo que tu emites com a tua própria luz, fruto de um farol que tu próprio construiste, tijolo por tijolo, enquanto tentavas afastar as ondas que rebentavam ameaçando a tua construção e que, mesmo assim, edificaste o mais para adentro possível no mar da tua vida. Se a luz é tua e o farol é teu, tu é que o acendes ou apagas a teu bel -prazer - tu é que tens a obrigação auto-comprometida de acender a luz do teu farol, ouviste? Essa luz é que irá trazer a ti tudo o que necessitas para continuares a brilhar - para continuares a emitir felicidade. A felicidade é o ponto de partida para tudo o que precisas para ser feliz - percebeste?

Se não percebeste, vou explicar com pauzinhos: a felicidade é o pauzinho I e o que precisas para ser feliz é o pauzinho II. Se ainda não percebeste, vou explicar com ovos e pintainhos: a felicidade é ovo e o pintainho que sai do ovo são todas as coisas que precisas para ser feliz. (Se não te decidires a ser feliz, o teu ovo não vai conceber pintainho nenhum - vai para a prateleira dos ovos infelizes tipo 3 que é a classe de ovos de galinhas desbicadas criadas em gaiolas que só dão ovos tristes que vão ser comidos por pessoas ainda mais tristes. Resumindo: se não te decidires a ser feliz, vais ser comido pela vida, em vez de a comeres a ela.) 

Assim sendo, uma vez mais te digo (para te ajudar a decorar) que não vem aí nada nem ninguém fazer-te feliz. A felicidade não vem de fora - de uma pessoa, de um lugar ou de um acontecimento (estes podem sim despertar em ti a felicidade, se ela já existir escondida dentro de ti) -, vem de dentro (e tu bem o sabes, mas às vezes não queres admitir). 

Então, quando um dia encontrares essa pessoa (essa que pensas que vem fazer-te feliz mas não vem) lembra-te que a única coisa que podes fazer é partilhar a tua felicidade - e da partilha da felicidade surge a sua multiplicação. Mas não podes multiplicar algo que não tens à partida (precisas do 1 para obter o 100; não podes obter o 100 a partir do 0: 10x10=100, mas 0x10=0) - pois se até Jesus precisou de um peixe para o multiplicar por muitos (e tu não és mais que Jesus).

Ouvi dizer que se não meteres isto na cabeça - e no coração e na pele e na caixa toráxica e em todas as artérias de vida que há em ti - vais ser aniquilado pela brutalidade da selecção natural das espécies (que preserva os espécimes mais fortes e deixa morrer os mais fracos, impedindo-lhes de transmitirem o seu código genético de qualidade inferior) - mas podem ser só rumores, não ligues. De qualquer modo, fica aqui o aviso. Se um dia morreres a pensar que não foste feliz por isto ou por aquilo, quando os vermes corroerem as tuas 21 gramas de alma carregada de espasmos não libertados, ao menos não digas que não te avisei.

11.03.2012
17:30


terça-feira, 13 de março de 2012

Felicidade: o responsável és tu

transcrito de um antigo diário escrito em 26.12.2002.

Às vezes sinto que estou no meio do deserto, sem nada a que me agarrar. Vejo a água à minha frente, mas acho que ocuparia melhor lugar entre as nuvens invisíveis do que dentro de mim: sinto-me a evaporar, como se me desintegrasse de tudo o que me rodeia (ou o quisesse fazer) - daí a pouquinho pairaria lá em cima, olhando para baixo: a realidade esfumada, onde eu não queria estar. E, no entanto, sabia que bastava um pequeno gesto para que o sol não parecesse abrasador e infernal, mas resplandecente de vida universal.
A vontade da nossa mente tudo pode controlar: e era essa força que nesse momento me faltava - nem eu achava ímpeto para a recuperar. Parecia que não valia a pena e afundava-me cada vez mais nas areias quentes daquele mar de nada (ou era isso que me fazia sentir o vazio que encontrava em mim).

É assim que se compreende o poder da felicidade. Sem ela perdemos o controlo sobre a vida. Com ela sentimos que podemos conquistar o mundo.
É o sentimento mais poderoso e valioso que podemos experimentar, mesmo quando é conscientemente imperceptível. A sua ausência faz-nos sentir como se toda a beleza do próprio ser ser esvaísse, o entuasismo se evaporasse com a água do deserto, a alegria se tornasse um espectro esquecido, o prazer pela arte e ciência fosse virgindade desconhecida e todo o encanto que o mundo sugere se transformasse de repente numa fórmula desconexa e incompreensível de apreender.
É a força que orienta o nosso rumo quando o vento nos quer derrubar e é a chama que aquece e ilumina o coração e o faz sorrir mesmo perante adversidades. Sem ela, qualquer obstáculo que se apresente - que com ela seria visto como um desafio aliciante - é encarado com uma sensação de auto-comiseração - o que é, no mínimo, intimamente humilhante, não é? É.

É tão bom acordar com um sorriso nos lábios, mesmo antes de saber se lá fora hoje está sol. E se estiver, tanto melhor; se não, não culpemos a falta de sol pela nossa infelicidade.
Cabe a cada qual ocupar-se de manter o seu sol aceso, bem luminoso, dentro da alma quente de cada um - com aquela luz branca que nem o deus sol consegue imitar.
Então, não responsabilizemos os outros ou as circunstâncias que nos rodeiam pela nossa falta de coragem para beber as gotas de água que nos trariam conforto se quisessemos ver a felicidade que nos espera, generosa, do outro lado do oásis da nossa escolha.



domingo, 11 de março de 2012

A paz devia ser obrigatória

A paz devia ser obrigatória. Os países que estivessem em guerra com outros seriam embargados economicamente pelo resto do mundo. E seriam aplicadas coimas por contra-ordenação grave de ameça ao bem-estar mundial, por cada pessoa que fosse assassinada pelo arsenal bélico do país atacante.

Porque é que é crime quando uma pessoa mata e não é crime - é glória - quando é um Estado que mata?

Há uma dose tão grande de infantilidade na diplomacia mundial, que, para lhe compreender a lógica, tenho que imaginar que tenho seis anos e estou a brincar aos polícias e ladrões com o meu irmão.

Vou mudar de mundo.

Até já.







"The only way to deal with an unfree world is to become so absolutely free that you very existence is an act of rebellion" - Albert Camus.



11.03.2012
18:30

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Amar: por pensamentos, palavras, actos e omissões

Se queres amar plenamente (e amar só o é se for plenamente), tens que amar em todas as dimensões de ti: por pensamentos, palavras, actos e omissões.

Amar é ser amor: amas primeiro em pensamentos (ou no "coração") - dentro de ti, por ti, através de ti. O pensamento é a semente atomizada que existe antes de qualquer outra coisa acontecer: pré-existe; mesmo antes de tomares consciência do que está a acontecer, mesmo antes de saberes que amas - já amas. Amas por motivos inconscientes que estão fora do teu controlo de vigília; amas no estado de piloto automático - e por isso se diz que o amor é irracional (não é, mas simplesmente lhe desconhecemos as razões). Por isso - e aqui corrijo, ou antes, aperfeiçoo a afirmação inicial - amas primordialmente nos não-pensamentos: no fundo de ti que até tu próprio desconheces.

Amar é dizer amor: amas quando partilhas por palavras o amor que sentes com a pessoa que amas - e assim esse amor que dizes se transforma de pensamento esfumado para linguagem materealizada no verbo. E do verbo (que é, desde o início dos tempos, o princípio de tudo) se constrói o sentimento, tornando-o na palavra um bocadinho mais humano e um pouco menos puro (porque nunca é possível dizer o amor de forma perfeita e absoluta como ele o é, por isso ao dizê-lo estamos a reduzi-lo, a aprisioná-lo na forma de uma palavra) - mas, acima de tudo, em algo que podemos quase tocar, (tentar) compreender e lhe desenhar uma lógica, encaixando-o estruturadamente no sentido que lhe queiramos dar (mesmo que nem tudo tenha que ter sentido). E do verbo (que forma, desde o início dos tempos, a forma de tudo) se reciproca o amor, elevando-o ao quadrado.

Amar é fazer amor: amas quando validas o teu amor com actos que são a expressão e a prova desse mesmo amor. A sabedoria do povo acumulada ao longo de séculos resume singelamente este facto nas expressões: "talk is cheap" (falar é fácil) ou "de boas intenções está o inferno cheio". Palavras de amor que não são legitimadas com gestos de amor são meras palavras ocas e isentas de força; intenções verbalizadas em palavras bonitas que depois não se traduzem em verdadeiras acções pró-activas (não me refiro a acções passivas e fáceis, decorrentes do desenrolar do tempo, mas a acções consequentes de decisões marcantes que salientem a existência do amor que é sentido e a verdade do amor que é dito) são inúteis rascunhos nos quais mais valia que não se tivesse gasto papel, tempo e energia - porque nada produzem, são a energia da inutilidade pura. Amor que é amor e que valha a pena viver em vida é amor que se faz: amor que transforma - o nada em tudo, o quase em feito, o sonho em realidade.

Amar é sacrificar por amor: amas pelas omissões que decides fazer - por aquilo que deixas de fazer porque amas. O poder do amor só existe quando este é capaz de te fazer ceder à abnegação pessoal em favor do outro (algo tão démodé, eu sei) e te fazer entregar voluntariosamente ao sacrifício que exige a vivência humana do amor. Amar é aquilo que podias fazer e não fazes, aquilo que te apetecia mesmo mas não queres (a mentira não vivida, a traição não cometida) ou aquilo que não te convinha nada mas fazes (o filme que preferias não ver, o dinheiro que preferias não gastar); é perderes uma parte do teu espaço para ganhares o espaço comum do amor, é retirares tempo do "eu" para dar mais tempo ao "nós"; é cortar um pedaço da tua costela, do teu orgulho, do teu conforto e dar um bocado de ti: é dares-te. E assim seres menos tu - mas mais amor. E não te importares nada com isso, porque sabes que aquilo que perdeste é muito inferior àquilo que ganhaste - e sabes bem. E sabe bem.



05.03.2012



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Que se lixe o amor

Que se lixe o amor. Que se lixe o amor egoísta, condicional e limitado. Que se lixe. Amor que não é total, absoluto e absorvente é um semi-amor, um pseudo-amor, um amor-inho. Que se lixe esse amor. Mais vale fazer greve ao amor, se ele não respeita os direitos do ser-amor e não merece o título de amor. Mais vale.
Amor que é pequeno mata o amor, afoga-o num esgoto entupido e abafa-o num saco de lixo reciclável. Meio-amor, quase-amor, proto-amor é a maior ameaça ao amor e é por causa desta imitação de amor que andamos para aqui todos a sofrer - uns baixinho, outros facebookamente; uns sabendo, outros cegamente; uns tristes, outros contentes. Mas todos sofridamente: com coraçõezinhos, joguinhos de quem-dá-mais e quem-recebe-mais e corridas cor de rosa de cão e gato.
"O amor é lindo" - até pode ser, mas não aquele que está disfarçado de amor mas não é amor: é medo, é necessidade, é falta de amor - esse é feio. Muito feio. Lamento, mas sou fã da beleza. E lamento, mas sou fã da verdade. Não quero viver dentro de conto colorido de marionetas amestradas e felizes a desempenhar o papel de amor.
O amor que não é suficiente, não é amor. Porque a própria palavra amor tem dentro de si o infinito, o abundante, o êxtase saciado. Amor insuficiente é desamor - é exactamente o contrário de amor - é o caçador furtivo do amor - porque te seduz e te engana e te faz atraiçoar a ti próprio sobre o que é o amor; faz-te duvidar do amor, faz-te desacreditar do amor.

O não amor - a ausência de amor - não me causa alergia, porque o amor em estado off na vida não é pretensioso nem eminentemente acutilante: faz-te centrar no eixo que te move e te equilibra; faz-te acordar como um recém-nascido para o mistério do rumo da tua vida; faz-te voltar a não ter nada a perder e por isso sentires que podes ter tudo.

Mas o amor que é percentagem de amor e que pedantemente se faz passar pelo absoluto amor - ah, esse que vá trabalhar com os outros sentimentos corrompidos no parlamento da carência, porque na sede partidária do meu coração só é carnaval um dia em 365 e nem mesmo nesse quero ver um amor mascarado.


04.02.2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A omnisciência da ciência

"Omnisciência: a capacidade de saber tudo infinitamente (ad infinitum), incluindo pensamentos, sentimentos, vida, passado, presente, futuro, e todo universo. Na maioria das religiões monoteístas esta habilidade extraordinária é tipicamente atribuída a um único Deus supremo, onde o conceito da omnisciência se mantêm tradicionalmente como uma verdade absoluta."

A ciência não é omnisciente. Se és pela ciência, és pelo desconhecido: a ciência só estuda aquilo que desconhece . É esse o objectivo de se construir ciência: conhecer o que se desconhece; traduzir em leis humanamente inteligíveis aquilo que é aparentemente ininteligível.
Se dizes que és uma pessoa científica e racional e que, por isso, não acreditas em nada que não tenha sido cientificamente comprovado até ao momento, estás a ser comprovadamente obtuso. Pois até a Ciência, que tanto deificas, acredita naquilo que não foi cientificamente comprovado até ao momento - caso contrário, seria encerrada: diríamos: "Já sabemos tudo o que há para saber, meus senhores; despeçam-se os cientistas, encerrem-se os laboratórios, sejam transformados em museus os centros de investigação".

Ressalvo: se preferes, por opção pessoal, acreditar só naquilo que está cientificamente comprovado - que é o mesmo que dizer que só acreditas na ciência do passado, pois a ciência do presente, e que será a do futuro, encontra-se em fase de estruturação nos minutos que correm - podes fazê-lo, sim. Mas quero só irritar-te um pouco, sussurando-te rispidamente ao ouvido que essa "posição intelectual" (atitude que chamo usando da minha sensata condescendência, porque a minha vontade é chamar-lhe de "crença ideológica") é tão parcial e velada de verdade (tão tapadinha e estúpida, para ser mais clara) como qualquer outra crença religiosa ou ideológica (essas coisas estranhas que tu detestas) que coloque a defesa dos seus princípios à frente das razões para a defesa dos seus princípios. Se defendes a ominisciência da ciência, defendes a ditadura daquilo que se sabe - e nunca chegarás a saber mais: serás cegado pela luz que te deveria iluminar.

A ciência é pelo mistério. E digo-te mais: cientificamente, tudo é passível de existir, até que seja passível de se provar que não existe; tudo pode ser verdadeiro, até que se consiga provar o seu contrário. Por exemplo: sabemos que o céu é azul, e temos a certeza que o céu é azul, porque temos a capacidade de cientificamente comprovar que ele é azul e não é vermelho, nem verde, nem nenhuma outra cor. Mas, por exemplo: não sabemos se a telepatia existe, porque não temos meio de provar que ela existe; mas também não sabemos se a telepatia não existe, porque não temos meio de provar, por nenhuma fórmula, que ela não existe - então, apesar da ciência (ainda) não ter descoberto a telepatia, não podemos dizer: "ah, a telepatia não existe, porque não existem provas; é um mero fruto da imaginação e da necessidade do homem acreditar em algo." Acontece apenas que a ciência (o homem) ainda não conseguiu comprovar ou descomprovar a existência da telepatia.

Espero que até aqui já tenhas percebido a lógica da batata: não tem nada que saber.

O meu conselho (apesar de não mo teres pedido, eu sei) é: aceita que és pequeno e abraça o desconhecido com humildade - pois só assim descobrirás, com a ciência ou a consciência, como és grande.


27.03.2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Fórmula de Deus (carta aberta a Fernando Savater)

Caro Fernando Savater:

Ainda vou nas primeiras páginas do seu livro e não me contenho em lhe escrever. Sei que seria mais sensato ler o livro até ao fim para depois aludir metodicamente a cada um dos seus argumentos e combatê-los um a um, não deixando assim nenhuma ponta de fora que possa ser utilizada contra a minha própria contra-argumentação. No entanto, o meu pequeno resquício de faceta sanguínea ergue-se involuntariamente de dentro de mim ao ler o que tão admirável e letrado cérebro literário espalha com vigor aparentemente racional nas páginas do seu livro anti-vida eterna intitulado precisamente "Vida Eterna".
Ora, como será possível - argumenta o meu estimado escritor - que mesmo actualmente, numa época de tal avanço tecnológico, ainda cerca de 40 por cento dos cientistas acreditarem em Deus - o que é, de resto, a mesma percentagem que há séculos atrás? Como será possível - pergunto-lhe eu - as pessoas andarem tão ceguinhas para acreditarem em algo tão irracional, mesmo não estando nós mais mergulhados na idade das trevas em que a religião era utilizada como ferramenta de concertação social das massas?

Ora, meu caro e admirado escritor, deixe que lhe diga - olhando de baixo para cima, da base da minha humilde posição de leitora não especializada - que a oposição argumentativa Deus versus Ciência (tão popular e - perdoe-me - tão óbvia, tão fácil de construir) não é mais que uma falácia - sim: uma falácia.

(No meu caderno de notas eu tinha isto esquematizado em desenho - forma bem mais fácil de lhe explicar - mas vou tentar traduzir em palavras):

No momento presente, Deus (que, segundo o seu raciocínio, joga na equipa A): é o inexplicável; Ciência (que, segundo o seu raciocínio, joga na equipa B): é o explicável - certo? - até aqui penso que concordamos.
Cada um deles tem as suas limitações: as limitações de Deus são o facto de não ser explicável ou provável porque não temos (ainda) essa capacidade; as limitações da Ciência é o espaço/tempo em que nos encontramos (não conseguimos saber mais do que se sabe até ao momento presente, no contexto em que vivemos), a inteligência (que, mesmo nos Q.I. mais elevados, tem um limite), e a percepção sensorial (não conseguimos absorver mais sensorialmente do que aquilo que os nossos sentidos nos permitem).
Esta é a situação no momento presente.
No futuro, meu caro Fernando Savater, poderemos colocar a hipótese de a própria Ciência ser capaz de de explicar Deus - de o converter numa fórmula matemática. Podemos imaginar até (pois se até o génio Einstein defendia a imaginação face à inteligência, como veículo de criatividade científica construtora de conhecimento - e não apenas seguidora de conhecimento) que, no momento em que a Ciência for capaz de explicar Deus, esta terá atingido o seu último patamar.

Até lá, temos simplesmente que aceitar que Deus é inexplicável.

Posto isto, existem duas opções à escolha de cada um de nós - incluindo à sua (e agora, permita-me tratá-lo na segunda pessoa, não por atrevimento, mas por preguiça em manter o meu estilo directo de escrita):

1. Aceitas que na tua humilde condição humana tens limitações (no momento presente, é certo - no futuro podemos ser vir a ser ilimitados), vestes o "eu só sei que nada sei" de Sócrates (o original, não o corrompido) e decides - mesmo sem provas suficientes - acreditar naquilo que a tua intuição "sabe" que existe (e a intuição não é mais do que o produto de um pensamento instantâneo que ocorre no subconsciente e cuja resposta te surge a nível consciente, dando-te o resultado de uma pergunta mas não te deixando ver o caminho pelo qual chegaste à resposta) - a isto também de chama "fé";
2. Decides que o homem é todo poderoso: que tudo o que o homem consegue explicar existe e tudo o que o homem não consegue explicar não existe.
Esta segunda atitude faz-me lembrar - e desculpando-me antecipadamente pela tosca e nada fundamentada comparação - a mesma que levou a que a Giornado Bruno fosse morto por alegadamente defender que a Terra gira à volta do Sol (o helicentrismo de Copérnico): como os sábios da altura não conseguiam explicar tal teoria, rejeitavam à priori essa verdade, pois violava a sua percepção sensorial e os meios de prova de que dispunham. Só passado muito tempo, quando se conseguiu comprovar e estabelecer na comunidade científica que a Terra gira mesmo à volta do Sol (e não o contrário, como se pensava até então) é que se conseguiu quebrar essa heresia - até que hoje toda a gente sabe que a Terra gira à volta do Sol, apesar de para nós não parecer, pois somos demasiado pequeninos para termos a visão global daquilo que realmente é.

Resumindo, se decidires que, como não consegues explicar Deus, Deus não existe - estás no teu direito. Mas não estás no direito de dizer que Deus não existe - apenas podes dizer que decidiste não acreditar em Deus, porque ele ainda não é explicável - porque não te esqueças que, assim como a Ciência ainda não pode comprovar que Deus existe, a Ciência também ainda não tem meio de comprovar que Deus não-existe. Isto por si só é a prova de que ainda não chegamos ao tempo em que a Ciência será capaz de explicar Deus: com uma fórmula completa nos provará por A mais B que Deus existe (ou não existe).

Compreenda então, meu caro Fernando Savater, como pessoa racional e imparcial que é, que grande parte dos nossos estimados cientistas, optaram pela opção 1: pois é a opção 1 - a de se sentirem pequenos no universo, ignorantes face ao infinito e ávidos por mais conhecimento - que torna o cientista na mente simultaneamente humilde e poderosa que é.


sarrabiscado a 21.02.2012 - 4:30



"A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o mistério. É essa emoção fundamental que está na raíz de toda ciência e toda arte."

“A religião do futuro será cósmica e transcederá um deus pessoal, evitando os dogmas e a Teologia.”

“Sem a convicção de uma harmonia íntima do Universo, não poderia haver ciência.”

“Você não pode provar uma definição. O que você pode fazer é mostrar que ela faz sentido.”

“A ciência sem a religião é paralítica - a religião sem a ciência é cega.”

“A mente avança até o ponto onde pode chegar; mas depois passa para uma dimensão superior, sem saber como lá chegou. Todas as grandes descobertas realizaram esse salto.”

“Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio: e eis que a verdade se me revela.”

“Deus é a Lei e o legislador do Universo.”


Frases de Albert Einstein






quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Deus é tabu, sexo não

Chegamos ao dia em que é muito mais socialmente aceitável falar de sexo do que falar de Deus.

Antigamente, quando se queria referir ao dito cujo sexo, usavam-se todos os eufemismos, sinónimos e metáforas possíveis para se referir "àquilo" que era o fruto proibido apenas tacitamente permitido no leito conjugal legalmente selado. Actualmente, finge-se que o dito cujo Deus não existe senão num local apropriado para o efeito e devidamente resguardado de olhares impróprios (igreja, santuário, centro paroquial) ou somente na intimidade de cada um.

Deus te livre de dizeres que acreditas em Deus em público, a criaturas mundanas exteriores numa conversa casual! Uma coisa é acreditares em privado, à noite com os teus botões ou em momentos de desespero que te levem à loucura de conceber tal fantasia. Outra coisa é escarrapachares grotescamente numa tertúlia semi-alcoolizada que acreditar em Deus é para ti tão natural como respirar e tão bom que queres acreditar insaciavelmente todos os dias e todas as noites, sobretudo aos fins de semana, feriados e férias - que é quando estás mais disponível e aberto para acreditar [nota irónica de analogia com o sexo].

Antigamente, se um comum mortal verbalizasse ao seu círculo social que gostava de sexo (tal como qualquer ser humano biologicamente saudável e funcional pode e deve gostar) seria prontamente cruxificado e colocado num frasco para ser analisado em laboratório, não só pelo facto em si, mas por ter tido o descaramento de o admitir. Actualmente, ser ateu ou agnóstico é considerado um sinal de afirmação cool e até de superioridade intelectual típica de quem não vai carneirada (se bem que, tendo em conta a inversão de tabus aqui exposta, actualmente ir na carneirada é precisamente ser ateu ou agnóstico), mas se tiveres a lata de dizeres que acreditas mesmo em Deus - assim, de repente, à frente de toda a gente, em plena luz do dia e perante as câmaras e olhares curiosos - és imediatamente submetido a um interrogatório extensivo sobre todos os "comos" e porquês" e, na melhor das hipóteses, posteriormente catalogado com uma etiqueta brilhante a dizer "diferente", "antiquado" ou "inocente" (isto se o teu interlocutor for condescendente e achar que o teu caso não tem cura, caso contrário, prepara-te para uma tentativa de evangelização laicista).

Deus te livre de dizeres que acreditas em Deus sem tabus! Uma coisa é dizeres que és uma "pessoa ligeiramente espiritual", dizeres que és um "crente não praticante" (o que por si só é uma antítese bastante paradoxal, pois independentemente de participares ou não nas actividades da tua religião, praticar a tua crença consiste simplesmente em vivê-la, nem que seja no teu interior - e se não a vives não acreditas: pseudo-acreditas, ou acreditas em potencial, mas não de facto), ou dizeres que és uma pessoa que acredita numa "força-superior" ou numa "energia-da-natureza que-une-todos-os-seres-pelo-amor". Outra coisa é deixares as metáforas e eufemismos de lado e chamares a essa força D-E-U-S com todas as letras, sem um pingo de vergonha na cara nem o recatamento de modéstia espiritual que requer semelhante afirmação aberrativa passível de ofender a sensibilidade rude dos teus próximos.

Chegamos ao dia em que o kama sutra é biblificado, o gemido é venerado e o prazer é louvado. Mas a fé é sussurrada, a oração é censurada e a crença é recalcada.
Neste belo dia a que chegamos, se disseres publicamente que acreditas em Deus vais ter que te confessar e redimir desse pecado até te reconverteres à laicidade ou, no máximo, à dúvida metódica - ouviste, ó ímpio?

Neste belo dia a que chegamos, o tabu do sexo já foi - graças a Deus - derrubado. Ora - por amor de Deus - parem de edificar agora o tabu de Deus, não vá acontecer que o homo sapiens desafie a lei de Darwin e retroceda para homo erectus. Que possam viver a partir de hoje os dois erectos na sociedade: o sexo - e Deus.


09.02.2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Eixo

Delegar em Deus tudo aquilo que foge ao nosso real controlo - este é o segredo para a paz de espírito e a serenidade perante as adversidades maiores -, sabendo com segurança que em algum lugar do universo tudo estará bem e sempre esteve. Esse lugar existe também dentro de nós e podemos voltar a ele sempre que queiramos - desde que saibamos o caminho.

E qual O caminho? Poderá ser diferente para cada um de nós, mas só existe um único caminho directo para a alma, para Deus, para esse" lugar", em cada Ser. Para mim, é a Verdade. ("You shall know the truth and the truth will set you free"; "I am the way, the truth and the life"). A razão porque a verdade liberta é porque traz a paz plena - o chamado "céu". Porque todas as conquistas serão ainda mais gloriosas quando as elevamos pela gratidão ao bem do universo; e todos os buracos de dor serão curados quando entregamos ao bem a responsabilidade por cuidar de nós com a confiança de que tudo existe por um motivo maior, que tem sempre origem no bem - pois o bem é a fonte de toda a criação, de tudo o que existe.

Mas isto, meus amigos, é algo que cada um só consegue enxergar com os olhos da alma; nenhum tipo de raciocínio seria suficiente para fazer um cego intelectual ver esta verdade que, uma vez descoberta e sentida, ficará gravada eternamente no teu ADN espiritual evolutivo (sim: o teu genoma evolui ao longo da vida - isto é: se tu evoluíres em vez de vegetares *  *). E, após imbuída intrinsecamente no teu âmago, esta verdade será sempre a tua ponte de salvação para a vida - por mais que voltes a tropeçar, por mais que as distracções te levem para longe da verdade, por mais que julgues que te perdeste do caminho: voltarás sempre para casa, pois o Caminho não te deixará perder e aceitar-te-á sempre de volta com os braços abertos de amor.

O meu objectivo é fazer o mínimo de desvios possíveis, de modo a rentabilizar ao máximo a minha vida. Sempre que me tiver esquecido de como é sentir este amor divino, deixo aqui uma nota pessoal de que (para mim) geralmente o melhor remédio é através da música, do silêncio, da visão de algo inspirador na natureza ou do conhecimento científico de algo tão extraordinário que assoberbe a alma.

Além disto: rezar, que - apesar de para os leigos parecer ortodoxamente antiquado - é a melhor meditação e terapia até agora inventada na sociedade ocidental e oriental e, até ao momento em que escrevo, ainda não ultrapassada por nenhuma outra invenção moderna. Porque quem reza coloca-se constantemente perante Deus de forma nua; põe à prova as suas acções face a um ideal; põe-se em cheque; desafia-se a ser melhor; submete-se a uma permanente autoscopia sem hipótese de fuga da verdade; sente o sabor da humildade como um bálsamo para o coração deixar entrar o amor; e aprende a amar a verdade, pois só ela nos permitirá avançar, através da aceitação, do perdão, da justiça e da gratidão.

Não sei se fui suficientemente clara, mas de qualquer modo só quem partilhar do mesmo ideal e tiver presente em si esta verdade de crença, é que conseguirá compreender a mensagem na sua plenitude.

Os restantes, poderão processar o raciocínio lógico, mas não atingirão o significado no seu íntimo - por isto, apresento as minhas desculpas e os meus pêsames.


08.2011

 



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Quantas vidas já viveste?

A vida é uma série de recomeços.

O aparente processo biológico de nasce-cresce-envelhece-morre é algo que acontece num ciclo cronológico único às células do nosso corpo - mas que acontece em sucessivos mini-ciclos consecutivos aos átomos da nossa alma.

Durante a tua vida vais-te sentir: a crescer - quando algo insuflar o embrião do que queres ser - ; a envelhecer - quando algo amadurecer a tua bíblia autobiográfica - ; a morrer - quando algo triturar em bocadinhos tudo o que pensavas que sabias e implodir o teu suspiro - ; e a nascer - quando das cinzas acordadares para o raio de sol sobre a lucidez crua de que quando não tens nada não tens nada a perder: e assim te é parida uma nova vida bebé dentro da tua vida (e que, como bebé que é, começa com o choro da primeira respiração).

A vida é uma série de recomeços.

Por isso, quando estiveres a crescer não te afogues na sofreguidão; quando estiveres a amadurecer não te percas na ganância ambiciosa de manter o que conquistaste com a ansiedade do para-sempre; quando estiveres a morrer não te iludas que será o fim de tudo e pensa que tudo passa, pois nem a morte é permanente; e quando estiveres a renascer não te absorvas pela toda-poderosa sensação virgem e procura enquadrar este nascimento em tudo o que aprendeste das tuas outras vidas - dos teus outros mini-ciclos de vida - fazendo de cada vida um renascimento - nascendo em cada ciclo num patamar evolutivo superior.

Diz-se que há vida para além da vida; diz-se também que há reencarnação para além da vida; diz-se que só há morte para além da vida; diz-se também que a reencarnação é uma treta ultraespiritualisada - mas não é nada disto que eu estou a falar (hoje).
Do que eu estou a falar (se é que me entendem) é das vidas dentro desta vida; dos nascimentos e mortes dentro desta vida que nos fazem crescer e que nos trazem em cada morte mais vida.

A vida é uma série de recomeços.


05.02.2012.
5:00

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sou perfeita

Perfeita: não por comparação a um modelo pré-concebido daquilo que deve ser a perfeição estereotipadamente falando, mas porque não existe ninguém mais perfeito do que eu a "ser eu." Eu fui feita para ser eu - não para ser a maior aproximação da perfeição social da actualidade - por isso sê-lo-ei tanto mais quanto mais eu for a minha essência em cada momento.

Assim sendo, a dificuldade em ser perfeita está em afastar todas as distracções plásticas do mundo formatado - para se conseguir ser fiel ao interior eterno que sempre foi. A busca da perfeição socialmente moldada é que cria imitações forjadas que estão na origem do ciclo de insatisfação que a mesma sociedade promete saciar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sou só uma

transcrito de um antigo diário, escrito em 07.07.2002



Às vezes apercebo-me de que sou só uma.

Eu vou explicar: o facto de viver numa zona pequena e pacata, numa casa e num quarto só para mim - entre outros factores - pode-me dar uma sensação de um egocentrismo saudável ao equilíbrio psicológico - pois como estou inserida num ambiente que consigo dominar, e que por vezes quero extravasar, isso dá-me uma estável impressão da minha indispensabilidade, como se eu fosse inerente à harmoniosa manutenção contínua do ambiente em que vivo e dos seres que o constituem.

No entanto, por vezes tomo consciência daquilo que está na base do icebergue: apercebo-me da imensidão daquilo que não sei, da quantidade de lugares em que não estou, da longevidade do tempo que me ultrapassa.
E então o que outrora o que eu sentia como um mundo pequeno demais para me satisfazer transforma-se num universo extenso demais para eu absorver no curto espaço de tempo que biologicamente me é dado (que circunstancialmente eu espero que seja assegurado) e tendo em conta as condições disponíveis (imposições sociais, limitações financeiras, escolhas pessoais, características de género, restrições morais, entre outras).

Bem, e aí começo a sentir que nunca conseguirei viver totalmente o universo por todas as perspectivas ou mesmo por uma só perspectiva em todas as vertentes de forma absoluta. Isto porque eu sou só uma.

Uma.

Uma mísera e delimitada uma.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Se fizeres, faz em grande

Para conseguirmos realizar um objectivo, ele tem que ser suficientemente Grande para inspirar toda a nossa mobilização em prol da sua concretização.

Por isso acaba por ser mais "fácil" atingir um objectivo que consideremos grande, do que um mediano - pois este último está muito está muito mais sujeito à desistência mediante a mínima adversidade, para além de conseguir mobilizar apenas uma pequena percentagem dos nossos esforços.

E é precisamente esta capacidade de concentração de esforços e de utilização de todo o potencial humano (latente em todos nós, mas utilizado apenas por alguns) que distingue os bons dos extraordinários.

Por isso, fazer algo que consideras grande é meio caminho andado para o sucesso.


pensamento de praia, de Agosto 2011.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Razão de viver

transcrito de antigo diário, escrito em 22.01.2002


Tenho pena das pessoas que acham que existe o destino. Elas pensam isso para compensarem o facto de não saberem o que estão cá a fazer e o facto de não quererem admitir que sabem o quão são insignificantes neste universo infinito de matéria gigantesca.
"E o homem, em seu orgulho, criou Deus, à sua imagem e semelhança" - disse Friedrich Nietzsche. Com esta referência não quero dizer que Deus não existe. Aliás, na concepção que eu tenho, ele existe. Mas acho que todos os escritores, filósofos e etc. que se referiam ao absoluto que desconhecem como algo inatingível e que diziam que isto cá na Terra é só um reflexo do absoluto...sei lá, acho que devem ter sido infelizes e deixam-me cá uma nostalgia, um vazio, uma pena...É que eles passaram a vida inteira a tentar encontrar a raiz existencial.

E - eu vos-vos dizer - o que acontece é que não há uma razão para nós existirmos. Nós não somos assim tão indispensáveis ao universo só pelo simples facto de existirmos. Pelo contrário: somos consumidores da matéria que poderia alimentar outros seres em vez de nós. É triste, mas é assim. E se soubermos aproveitar a situação, até nem é assim tão triste.
Não tem que haver uma razão para existir, a não ser aquela que nós próprios criamos: exactamente. Cada um (condicionado pelo meio, genes, decorrências) é que vai desenvolver na sua inteligência a razão de viver.
E não vale a pena ter crises existenciais e sofrer por isso. Para quê? Nunca - nem aqui na Terra, nem aqui na Terra - iremos saber mais do que aquilo que o nosso organismo o permite (com todos os seus sentidos e os 100% de cérebro - não apenas os 10% que são os que hoje se conhecem serem responsáveis pelo pensamento acessível pelo raciocínio).
O que acontece é que somos demasiado inteligentes para termos consciência do que não sabemos; e demasiado burros para não conseguirmos saber aquilo de que temos consciência não saber.

 

Somos uma mísera partícula no país: na Terra: no Sistema Solar: no Braço de Orion da nossa galáxia: na Via Láctea: no Exame do Grupo Local de galáxias: no Superexame local - que é apenas um dos milhões de Superexames de galáxias.

Mas o que conta é o que fazemos na medida em que nos é acessível. Porque é um milagre sagrado e mágico este da vida e é uma honra fazer parte de uma obra tão grandiosa, bonita e infinita como esta. No meio de tantos pedregulhos, pós e gás, o nosso pedregulho caseiro é mesmo um fenómeno exemplar de desenvolvimento da vida.




-Quantas hipóteses tenho de a conquistar, Mary?
-Muito poucas.
-Quantas? Assim, digamos: uma em 100?
-Bem, eu diria: uma num milhão.
-Ah! Então diz-me que há uma hipótese? Yeah!
(do Dumb and Dumber:
http://www.youtube.com/watch?v=qULSszbA-Ek)



Tens medo de receber o infinito? ∞

Às vezes não estamos preparados para o infinito. Sabemos que somos o mundo, sabemos que podemos alcançar o tudo - mas temos medo (medo de quê?). Medo: de sermos demasiado pequenos para abraçar o tudo que queremos ter (mas - sim - nós somos pequenos, e é por sermos pequenos que somos grandes); do tudo nos insuflar de vida e de repente descobrirmos que podemos voar - e, não, às vezes não queremos voar (porquê?); queremos permanecer algemados à constância enfadonha e segura da terra.

Às vezes não estamos preparados para o infinito. Não estamos: sabemos que ele existe (já o vimos, já o conhecemos, já o compreendemos) e gostamos de saber que ele existe - mas saber que ele existe é mais uma das paredes confortáveis e enclausuradoras que edificamos à nossa volta, para nos assegurarmos de que "está tudo bem assim como está". Não estamos: corremos a maratona, vencemos a corrida, bebemos as lágrimas de suor espremido, mas (por algum estranho motivo) uma cãibra de cobardia faz-nos procrastinar a reclamação do troféu.

Às vezes não estamos, e continuamos a não estar, preparados para o infinito. Temos medo: medo de receber; medo que o infinito não caiba em nós e que nós não saibamos ser o infinito como deveríamos ser, quando ele estiver em nós (quando fores o infinito).
Preferimos continuar aprisionados em condicionalidades hipotéticas, em realidades conjuntivas, em presentes imperfeitos, em equações não resolvidas. Preferimos permanecer no potencial, no sonho, no que "poderia ser se".

Porquê? Porque temos medo. Temos medo de olhar para a flor desabrochada e nela reconhecermos a fragilidade da beleza que passa; temos medo de ter o tudo e vermos como é grande tudo aquilo que podemos perder - temos medo de nos perder.

Então, preferimos ser só metade do que poderíamos ser. Porque assim continuaremos a ter só um pé no infinito (e o outro, aflito, no finito) - e, então, assim, é só metade aquilo que podemos perder; e é só metade o medo de ser; e é só metade o medo de viver; e é só metade o medo de morrer (porque quem não tem nada, não tem nada a perder).

E também é só metade o infinito que poderias ser - e deixa-me te esclarecer: metade do infinito é zero (porque 0 é o número que fica entre os números infinitos positivos +∞ e os números infinitos negativos -∞). Se fores metade do que poderias ser, não és meio, és nada: és um nada.

Por isso, não tenhas medo de te perder - e ser o infinito que podes, agora, ser.




27.03.2012