terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ama-te

Gostava que toda a gente se amasse: auto-amasse.
Que toda a gente soubesse que cada um de nós é o epicentro do seu mundo: a pessoa mais importante da sua vida: o núcleo gravítico em torno do qual gira tudo o que existe: o rei ou rainha do seu destino e conduta. Porque somos - és.
Gostava que toda a gente tivesse um auto-amor tão grande que, mesmo que as circunstâncias da sua vida se desmoronassem, continuariam felizes por viver, porque se têm a si próprias.

E vives sempre através de ti.

Só depois de te colocares num zénite tão elevadamente inabalável é que serás capaz das maiores acções de humildade e abnegação pessoal - sem medo que estas te derrubem ou reduzam a força da tua dignidade.
Só os grandes é que conseguem dar-se sem nada perder, porque sabem que são uma fonte inesgotável de abundância.
Só os grandes é que conseguem perdoar sem sentir que o perdão é uma aprovação tácita da infracção, porque sabem que ao perdoar estão a abrir os portões da sua própria liberdade.

Esta civilização europeia (e sejas crente, não crente ou semi-crente estás inserido nela e és ela até ao tutano) que foi construída com base nos valores cristãos (imbuídos no Direito europeu, nas regras sociais, na ética básica da relações e até nos sinais de trânsito - tanto que, quer sejas crente, não crente ou semi-crente, levas com eles todos os dias no teu subconsciente) tanto aprendeu sobre a história do sacrifício, humildade e contenção modesta (e bem).
Mas muito pouco aprendeu sobre a auto-afirmação (que, sem querer soar catequética mas já soando, até Cristo a praticou perante os doutores e sacerdotes, sem medo de lhes dizer alto e a bom som que ele era muito mais do que eles julgavam que era "com tal autoridade"); a exigência de sermos bons - "bom" não só de bondade mas também de excelência (não sou a maior letrada mas sei que algures no nosso livro cristão nos ordena "sê perfeito"); e a busca do melhor para nós sem falsos contentamentos (afinal está escrito "pede e ser-te-á dado").

Aprendi que o perigo não está na arrogância - que frequentemente ultrapassa o auto-conceito real de quem a tem de uma forma quase humorística. O perigo está na subestimação pessoal.

Por um lado, gostares-te menos do que deverias é uma tremenda falta de respeito perante quem te criou (Deus, o universo, as tuas células, os teus progenitores, ou o que quer que acredites ou semi-acredites). Por outro lado, gostares-te menos do que deverias irá resultar em que não exijas ser a melhor versão de ti próprio (porque afinal não és bom nem importante) - o que é no mínimo um despredício de matéria e energia, biologica e fisico-quimicamente falando; e irá resultar em que não exijas da vida o melhor para ti (porque afinal se não te achas "o rei" da tua vida como é que vais ter legitimidade para lhe pedir alguma coisa? - quanto mais exigir!).

Por isso, pela tua saúde (e, claro, também pela minha que sou importante): ama-te: sente o amor a circular por ti, para ti, através de ti - para nós, pelo mundo.

Obrigado.

15.01.2012
6:00

pintura by Akiane Kramarik, 13 anos

1 comentário:

  1. se não gostar de mim quem gostará? já dizia alguém :) e é verdade, senão gostarmos de nós então não saberemos valorizar o que realmente somos e que capacidades temos. gostei :)

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